Nasceu num dia qualquer, não fazia sol quente, nem
ao menos chovia. Era como se o tempo congelasse
naquele instante sob o olhar curioso de meia dúzia de filhotes de gente
a espiar pelas frestas da velha janela ruída pelo tempo.
Ecoou um grito de alivio e em seguida um barulho causado pelo tapa da parteira .
E o silêncio habitou aquele lugar momentaneamente.
Um bebê pequeno, cria com eximia delicadeza e ao mesmo tempo desprovido de qualquer sinal de vida.
Dona Ana franziu a testa e num ato meio grotesco sacudiu e lançou repetidos tapas naquela miudeza.
E o silêncio habitou aquele lugar momentaneamente.
Um bebê pequeno, cria com eximia delicadeza e ao mesmo tempo desprovido de qualquer sinal de vida.
Dona Ana franziu a testa e num ato meio grotesco sacudiu e lançou repetidos tapas naquela miudeza.
Pensamentos e rezas povoavam a mente da velha.
Dona Ana era parteira de mão cheia, perdeu a conta de quantos meninos ajudou a
vim á mundo. Fazia de bom grado, não recebia nada além de “Deus te ajude” e
naquele instante sentiu um nó na goela.
A pele negra suava, suas mãos calejadas seguravam o pequeno feto .O vento bateu na janela denunciando os olhos curiosos e arregalados. E o sopro de vida invadiu aquele lugar.
A pele negra suava, suas mãos calejadas seguravam o pequeno feto .O vento bateu na janela denunciando os olhos curiosos e arregalados. E o sopro de vida invadiu aquele lugar.
Ouviu-se um som que nem de longe se assemelhasse a
um choro e o ruído crescente ficou cada vez mais forte .
A velha parteira esboçou um sorriso aliviado,
limpou o suor do rosto com as costas das mãos e pôs se a fazer os cuidados
cabidos á recém-nascida.
Maria, assim foi batizada, era a primeira menina
de toda a prole, sua mãe devota de Nossa Senhora homenageou a mãe do menino Jesus que sempre atendia aos
seus apelos:
_Valei-me, minha nossa Senhora!
E assim nasceu aquela que veio ao mundo pra
espalhar amor.Maria, simplesmente Maria.
Daniela Coelho
Nenhum comentário:
Postar um comentário